Você tem muito mais bactérias do que células

Não duvide, meu amigo, minha amiga: o seu corpo é um restaurante para as bactérias.
Nada menos que 100 trilhões de bactérias vivem nele. Do seu peso, 2,5 quilos são o peso das bactérias.
Elas estão em todos os lugares - boca, dentes, garganta, pulmões - mas especialmente no seu trato intestinal.
É claro que existem as bactérias que trazem doenças e podem matá-lo, mas estes 100 trilhões, de 10 mil espécies diferentes, são basicamente benignas. Vivem em você, se alimentam de você, mas o ajudam a manter-se saudável.



Elas formam o que agora se chama de microbioma, um ecossistema completo dentro da cada humano.
O estudo do microbioma é uma área bem nova da ciência, e promissora: entendê-lo significa entender muito melhor o funcionamento do nosso corpo.
Já se sabe, por exemplo, que bebês nascidos de cesariana têm um microbioma muito menos diversificado que os bebês que nascem de parto normal, e talvez por isso sejam mais sujeitos a doenças como asma, obesidade e diabete tipo 1. Tudo porque não passaram pelo canal vaginal para absorver o microbioma da mãe.
Aliás, 80% de seu microbioma veio da sua mãe, e ele também é mais fraco se você não foi amamentado durante um bom tempo - leite materno traz bactérias que enriquecem seu microbioma.
As bactérias mais importantes são as que ficam no trato intestinal. São tão numerosas que metade de suas fezes são compostas delas.
Mas funcionam. Por exemplo: elas podem enviar sinais para o cérebro para controlar níveis hormonais. E também deflagrar crises de ansiedade e depressão - ou terminar com elas, dependendo da mistura de bactérias.
A descoberta do microbioma, diz o doutor Michael Fischbach, um estudiosos do assunto, "foi como descobrir um órgão que não sabíamos que tínhamos".
Já se sabe que existem três tipos básicos de microbiomas do trato intestinal, mas ainda não foi possível determinar qual é o mais saudável. Também, são dez bactérias para cada célula de nosso corpo.
Há muito que pesquisar, descobrir e comprovar. Mas os cientistas acreditam que, num futuro não muito distante, os médicos vão receitar a você compostos probióticos - culturas de bactérias. Coisas que serão mais complexas de que os que já existem e são comercializados em iogurtes, bebidas e pílulas, um negócio crescente e que no ano passado movimentou quase 60 bilhões de reais.