quinta-feira, 13 de junho de 2013

O importante teólogo que não existe

A maioria dos teólogos conhece Franz Bibfeldt, pode até citá-lo de vez em quando.
Mas ele não existe e nunca existiu.
Foi inventado em 1947 por Roberto Clausen, um estudante de teologia, para uma falsa nota de pé de página num documento do Seminário Concórdia, em Saint Louis. E seu colega Martin Marty foi além, escrevendo uma resenha do inexistente livro de Bibfeld, The Relieved Paradox, na revista do seminário. Marty conseguiu até colocar o título do livro fictício no catálogo da biblioteca da escola.

  É claro que tudo foi descoberto e o Marty (na foto) como punição, foi transferido para Chicago. Aí a coisa melhora: ele virou um teólogo respeitado, autor de livros importantes, e chegou a reitor da escola de teologia da Universidade de Chicago. Inevitavelmente, ele diz que "Bibfeldt teve mais influência em minha vida do que qualquer outro teólogo".
Ele nunca parou com a brincadeira, que virou quase séria em Chicago. O hall da escola tem fotos de senadores, governadores, candidatos à presidência dos EUA e da Playmate de 1971, todas com dedicatórias ao Bibfeldt. Um seminário sobre salsicha alemã e cerveja em sua homenagem é realizado anualmente na quarta-feira mais próxima do 1º de abril. Os estudantes frequentemente citam suas palavras, ele tem um verbete  na Enciclopédia Oxford da Reforma, uma reunião da Associação Americana de Religiões, em 1988, foi dedicada a ele, e a revista evangélica satírica The Wittenberg Door o elegeu, em 1994, o teólogo do ano.
O Bibfeldt, garante o Marty, é muito modesto e recluso, só deu uma entrevista na vida - para o Howard Hughes. Mas suas obras são famosas. Por exemplo, ele adaptou o Sermão da Montanha às audiências norte-americanas:

  "Abençoados são os felizes que têm tudo, porque eles não precisarão ser confortados."
"Abençoados são os impecavelmente vestidos, porque eles estarão bonitos quado se encontrarem com Deus."
Ele também escreveu vários livros, entre eles "Uma paráfrase pragmática de frases selecionadas de Jesus", "Eu ouço o que você diz, mas não me importo" e "A riqueza do Rei Salomão: uma escritura hebreia como modelo de contratos esportivos".
Uma grande frase do teólogo que não existe:
"É mais difícil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus, mas com a engenharia genética hoje em dia fazem camelos bem pequenos".
Agora, por que tudo isso, por que um teólogo fictício? O Marty explica:
- Nós o usamos suavemente, gentilmente, para satirizar todo o sistema teológico. Não há nenhuma maldade.

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