Além da varíola, da cólera e de outras doenças terríveis da época, as damas sofisticadas dos tempos vitorianos enfrentavam uma ameaça extra às suas vidas: as enormes saias de armação - chamadas na época de crinolines - que se tornaram moda por muitos anos na metade do século XIX.
Essas estruturas rígidas, no seu ápice, alcançavam diâmetros de 1,80 metro.
E eram absurdamente inflamáveis, por causa de seus tecidos leves e da enorme quantidade de ar ao seu redor.
O New York Times noticiou em 1858 que uma jovem dama de Boston teve um acidente com uma vela e foi inteiramente consumida pelas chamas em poucos minutos.
Na Inglaterra foram relatadas 19 mulheres incendiadas e mortas em apenas três semanas. O Times londrino denunciou uma média de três mortes por semana em virtude das crinolines. Em Philadelphia, nove bailarinas morreram queimadas no Teatro Continental.
Acidentes não fatais mas constrangedores também eram comuns: as mulheres entalavam em carruagens e podiam ser jogadas ao chão pelo vento. Isso aconteceu com Consuelo Montagu, a Duquesa de Manchester, que caiu ao subir uma ladeira e ficou de cabeça para baixo, "revelando um par de meias vermelhas."
A mão de todas as enfermeiras, Florence Nightingale, escreveu um livro em 1859 no qual, entre assuntos de enfermagem, condenava veementemente a "indecência" das armações.
As incendiárias crinolines saíram de moda pouco antes de 1870, mas retornaram novamente em 1890 e 1915. Depois desapareceram.
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