Há muitos e muitos anos viva uma rainha poderosa, chamada Sávata, com sua lindíssima filha, a princesa Porcelana.
Porcelana queria casar e ser feliz, mas a rainha pensava diferente, queria ter a filha sempre a seu lado.
Mas tanto a filha insistiu que Sávata concordou, com uma condição: o pretendente deveria tirar uma pedaço de papel de uma jarro de ouro que continha dois. Um deles tinha escrito "Minha filha", e era a autorização para o casamento, e o outro "Às cobras!", o que condenava o candidato a ser jogado para morte certa num poço cheio de serpentes venenosas.
Mesmo com esta chance de morte de 50%, 34 pretendentes se apresentaram. Eram todos uns azarados, pegaram o papel das cobras e deram um fim a seus dias neste planeta.
Mas um dia surgiu mais um candidato, o lindíssimo Gamaleão. A Porcelana o viu e se apaixonou na hora, pensando "é este que eu quero". Então o chamou e sussurrou em seu ouvido: "Acho que minha mãe está trapaceando, deve estar escrito 'Às cobras!' nos dois papéis".
O Gamaleão só respondeu "deixa comigo, deixa comigo".
E agora? Como conseguir a mãe da princesa sem cometer a infâmia de acusar a rainha Sávata de ser mentirosa?
O Gamaleão foi até o jarro de ouro, tirou um papel, leu-o e exclamou: "Eu ganhei!" E logo em seguida comeu o papel. Todas as testemunhas se espantaram e foram ver o que estava escrito no papel restante. Era "Às cobras!". Sim, o Gamaleão poderia casar com a princesa Porcelana.
E assim foi.
Mas eles se divorciaram dois anos depois, porque o Gamaleão só bebia e passava dias e noites jogando cartas com um bando de desocupados. A Porcelana nem se incomodou, arranjou vários amantes e passou a vida viajando pelo mundo e gastando a grana da rainha Sábata.
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