Logo, na memória popular, passou a haver uma conexão entre marinheiro e tatuagem - uma coisa era parte da outra.
Mesmo a palavra tatuagem - tatoo, em inglês - foi disseminada por um marinheiro, o famoso capitão James Cook: ele a tirou do original polinésio tautau, palavra que ouviu numa viagem ao Taiti. E até a segunda metade do século 20 tatuagens ainda eram coisa de marinheiros - e presidiários.
Esta foto é de 1942, na loja de um tatuador na Dinamarca - os clientes são marinheiros.

Mas nativos do Pacífico Sul já há muito tempo haviam transformado a tatuagem em uma arte.
Este escravo da imagem abaixo foi capturado em 1691 pelo navegador William Dampier:

Nativos tatuados eram mais um motivo para que os marinheiros quisessem decorar seus corpos.
E eles foram aumentando sua criatividade, passando das âncoras e rosas dos ventos a desenhos mais complexos, muitos deles frutos de superstição. Um porco e um frango, por exemplo, eram tatuados nos seus pés para evitar a morte por afogamento. Havia ainda tatuagens específicas para combater reumatismo, artrite, manter as mãos fortes e as articulações lubrificadas. Os marinheiros enchiam seus corpos com elas.
Ou abusavam da tatuagem artística, como este de 1943, chamado capitão Elvy:

Duas tatuagens interessantes do início do século passado estão abaixo: à esquerda a esposa de um tatuador, à direita um marinheiro, em 1907:

Durante a Segunda Guerra Mundial os norte-americanos usaram tatuagem num pôster pedindo silêncio aos marinheiros, por que uma palavra poderia provocar o afundamento de um navio pelos inimigos:

Um cara que botou a tatuagem num nível artístico superior foi o Jerry, veterano marinheiro que ao se aposentar começou a fazer tatuagens em Honolulu. Seus desenhos eram de altíssima qualidade, e dizem que ficavam ainda melhor na pele humana do que nesta folha de amostras:

O Marinheiro Jerry trabalhou da década de 30 à de 70 do século passado, inspirou e proporcionou um novo padrão para as novas gerações de tatuadores. Sua fama era tão grande que ele tatuou até o Rei Frederico IX da Dinamarca, que na foto abaixo exibe, orgulhoso, seu corpo desenhado:
E a coisa não parou mais de crescer. Já em 1936 a revista Time publicou matéria dizendo que um em cada dez norte-americanos tinha tatuagens:

E o resto é história recente, o que se vê agora: eu, particularmente, acho que muito breve vai ser anormal não ter pelo menos uma tatuagem.
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