Paninhos vandalizando Michelangelo

Já postei neste blogue - aqui, ó: gente-demais-na-capela-sistina - sobre os danos que o excesso de visitantes está trazendo às pinturas de Michelangelo na Capela Sistina e a relutância da igreja em limitar as visitas por causa da grana que eles faturam com todos que vão lá.
Mas tem mais danos, e estes causados pela própria igreja
É assim: quando Michelangelo terminou de pintar o teto da capela, em 1513, ninguém se importou com a nudez de muitos dos retratados. Pareceu normal para a avançada igreja de então.
Muitos anos depois ele foi contratado para pintar o painel Juízo Final. E repetiu sua dose de homens nus, há quem diga que o artista os adorava.
Mas os tempos eram outros, mais - digamos - pudicos, e a nova igreja não gostou do pessoal pelado. Eles esperaram a morte do artista, em 1564, e contrataram outros pintores para cobrir com uns paninhos as partes mais escabrosas - na visão dos padres.

O Juízo Final: vandalizado pela igreja com uns paninhos cobrindo homens nus

Assim foi feito e assim está.
Ou seja: a igreja mutilou o trabalho de Michelangelo, muito mais que a respiração e o suor dos visitantes.
Pelo jeito, sem o menor remorso ou arrependimento: os paninhos poderiam ter sido retirados na restauração do Juizo Final feita entre 1980 e 1994. Mas continuam lá.
Vândala essa igreja, não é?