quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Um réquiem para a Síria

Amal Hanano publicou no Foreign Policy um artigo tocante sobre a Síria. Fala sobre a morte das cidades e a mortandade generalizada no país.
Traduzo dois parágrafos:

"Assistir mortes se tornou o passatempo da revolução. Há muito a aprender delas. A morte é súbita, mais curta que um curto clipe no YouTube. A morte é um homem embrulhado em sua mortalha, gaze sangrenta ao redor de sua cabeça, algodão enfiado em suas narinas e o o cinza azulado do tom de sua pele. A morte é a câmera passeando sobre covas coletivas onde corpos de crianças são alinhados em longas e perfeitas linhas, e então cobertas com terra cor de ferrugem. As mortes dos sírios se acumulam tão rapidamente que parece impossível de abranger tudo, 40 mil mortes em menos de dois anos.


Mas a morte de uma cidade é diferente. É lenta, a morte de cada bairro é documentada bomba a bomba, explosão após explosão, pedra que cai após pedra que cai. Descrever a morte de nossas cidades é insuportável. Ao contrário das notícias sobre morte de gente - que sempre chegam tão tarde, sempre após o fato - a morte de uma cidade parece que pode ser parada, que ela pode ser salva das prensas da destruição.  Mas é uma ilusão: nossas cidades, uma vez vibrantes, não podem ser salvas. Então você observa, impotente, enquanto elas se transformam em ruínas."

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