Você tem uma infecção na perna e a única saída é a amputação, logo abaixo do joelho.
Entram o cirurgião e seus auxiliares, aplaudidos por uma enorme plateia nas galerias - são estudantes de medicina.
Três homens o amarram firmemente na mesa, outro o amordaça.
Por que? Ora, a anestesia ainda não foi inventada. A dor será terrível.
Naquele tempo, velocidade era essencial em cirurgias. Antes de iniciar, o cirurgião pede à plateia "marquem o tempo, marquem o tempo." E começa: com uma velocidade absurda, serra e facas, ele corta a perna abaixo do joelho, joga num balde com areia, grampeia e sutura. Tudo em menos de dois minutos e meio.
Você teve a sorte de ser operado pelo doutor Robert Liston, um dos melhores da época e conhecido como "a faca mais rápida do Império".
Por causa de sua velocidade Liston perdia apenas um em cada dez pacientes, seus colegas mas lentos perdiam um em cada quatro, por perda de sangue e infecções.
Ele era um brilho, mas também protagonizou um grande fiasco: ao tentar trocar de instrumentos rapidamente durante uma cirurgia, ele cortou além da perna do paciente também os dedos de um assistente cirúrgico e a barriga de um espectador. Os três morreram de infecção e esta cirurgia ficou conhecida como a única com uma taxa de mortalidade de 300%. Outra vez - mas parece que esta é só boato - ele teria cortado os testículos de um homem junto com a perna que deveria ser amputada.
A amputação em si durou 25 segundos, todo o procedimento pouco mais de 2 minutos. E a plateia caiu em gargalhadas quando o paciente acordou, alguns minutos depois, e perguntou quando a cirurgia iria começar.
Liston não teve muito tempo para brincar com a anestesia: ele morreu em um acidente de barco menos de um ano depois.
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