terça-feira, 2 de outubro de 2012

Valium e o novo normal


Num filme de 1979, um personagem tem um ataque de pânico num lugar com muita gente, e quando ele começa a hiperventilar outro personagem pergunta "Alguém tem um Valium?". Todas as mulheres na cena oferecem suas cartelas. Engraçado, mas não surpreendente: lançado em 1963 o Valium se tornou rapidamente o remédio mais consumido.
E foi revolucionário: o primeiro medicamento psicoativo para ser usado por pessoas que, basicamente, não tinham problema nenhum, conta uma matéria do The New York Times.



De lá para cá o consumo de Valium até caiu, superado por drogas mais modernas como o agora popularíssimo Xanax. Mas ele foi extremamente importante porque criou o conceito do "novo normal": a partir do Valium se tornou normal viver medicado por substâncias psicoativas, o que antes era coisa de doente... E não só com medicamentos que combatem a ansiedade, mas com antidepressivos como Prozac ou, para a novíssima geração, remédios para aumentar o foco como Ritalin.
Na longa história do Valium existem até histórias escabrosas, como o vício de Elizabeth Taylor em Valium com Jack Daniels, o de Elvis Presley em Valium com um monte de outras drogas.
E a história de seu lançamento também é interessante. Ele tinha um antecessor, o Librium, mas o Laboratório Roche decidiu aprimorar e refinar a fórmula. Fizeram o Valium e o testaram de maneira exótica: os executivos do laboratório usaram suas sogras como cobaias, e todos reportaram que elas se tornaram menos chatas.
O resto foi marketing. Ainda bem vivo no mercado, o Valium vai celebrar seu 50º aniversário com uma fábrica novinha, em Nova Iorque. E orgulhoso de ter introduzido um novo hábito na humanidade: tomar uma pílula para se sentir normal.


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